segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A legitimidade do voto nulo: fuga da "dialética negativa"

        

Meu respeito àqueles que votarão nulo, certamente não é um voto neutro, nunca foi, assim como não é simplesmente indiferente, confortável ou irresponsável. É um voto legítimo como qualquer outro, assim como não votar deveria ser, afinal, cidadania não se cria ou se resume ao voto, é uma construção consciente baseada em lutas, resistências e conquistas por direitos.

Como sugere Bruno Cava Rodrigues, em um contexto de bloqueio democrático e aparelhamento generalizado do Estado não há razão para votar nas opções apresentadas. "PT e PSDB têm diferenças mas não são forças independentes, não existiriam com a força que têm, se não existisse a contraparte. Existe um processo dialético da representação em que PT e PSDB estão enxertados, um se alimenta do medo do outro, e com uma definição negativa compensam o vazio da representação sobre o que se equilibram em primeiro lugar. Em suma, um se identifica como o não-outro, e assim eles repetem o idêntico do problema que disputam"

           Certamente existem implicações no âmbito da política interna e externa dependendo de quem ganhar, contudo, não precisamos escolher fatalmente entre "o mal menor" e o "mal maior", entre o bem e o mal, entre dicotomias que, para além dos conflitos, se constroem reciprocamente. Ora, existem outros caminhos igualmente válidos! Como sugere Marcelo Seráfico
, o objetivo do debate político é sobretudo esclarecer e não denegrir. Acrescentaria que o debate político visa complexificar e enriquecer o debate sobre o futuro de uma cidade, região ou nação  e não simplificá-lo e reduzi-lo a "memes fáceis" como salienta Luiz Fernando Souza Santos


"Não se vota no menos pior, busca-se construir alternativas. Voto deve ou deveria ser algo consciente, feito com a intenção de melhorar o país e não na base do medo, na base do "não tem tu, vai tu mesmo".

Se não há uma opção viável, temos de nos preparar para a luta contra quem quer que vença e não FAZER CAMPANHA para alguém ruim apenas pelo medo de outros.

Nós não temos que escolher quem será nosso algoz. Temos de lutar contra quem quer que o encarne" Raphael Tsavkko

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