sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Entre a taxação e a defesa dos 1%: Pikkety e Andre Lara Resende




Roda Viva | Thomas Piketty | 09/02/2015
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         Thomas Piketty, autor de “O Capital do Século XXI”, foi entrevistado pelo programa Roda Viva dia 09/02/215, ocasião em que teve a oportunidade de apresentar algumas de suas teses, para alguns polêmicas, sobre a taxação de riquezas dos mais ricos (taxação sobre heranças por ex) e a necessidade das classes menos favorecidas pagarem menos impostos (indiretos e sobre consumo por ex).

De um lado, partindo de uma Abordagem social e histórica para as questões e problemas econômicos, Piketty pergunta  “Precisamos de tanta desigualdade para termos inovação?   Certamente não, e responde que a solução do problema passa pela regulamentação do sistema financeiro, pela reforma dos sistemas tributários, tornando-os mais transparentes e com uma distribuição mais democrática dos impostos, o que atualmente não vem ocorrendo em países como o Brasil, registrando que por aqui os 10% ficam com mais de 50% da riqueza nacional (estimativa extremamente otimista) e onde que a taxação de impostos sobre herança não passa de 4% enquanto em países como Grâ-bretanha e Alemanha este percentual chega a 40%.

Por outro lado, Andre Lara Rezende – que de forma arrogante falou muito e tocou na mesma tecla - mostrou-se muito preocupado com a possibilidade de taxação dos 1% mais ricos, argumentando que o importante é a diminuição da desigualdade na base da pirâmide, cometendo um equívoco ao confundir redução da pobreza com  redução da desigualdade, quando a desigualdade pode aumentar mesmo havendo diminuição da pobreza...sequer sabe distinguir as noções de desigualdade absoluta e desigualdade relativa..

Enquanto isso prosseguimos no Brasil, no qual, mesmo em uma conjuntura crítica, seguimos com uma taxação regressiva, onde relativamente os ricos pagam menos que as classes médias e pobres em termos de impostos, contribuindo para acumulação de riquezas no topo da pirâmide, o que favorece a reprodução da desigualdade abissal existente no Brasil..... infelizmente com o congresso que temos – cujo líder Eduardo Cunha, me enoja - reescrever o código fiscal é tarefa impossível, ou melhor, impossível sua mudança para tributação progressiva, pois uma reforma regressiva não seria de todo impossível, pois de regredir eles entendem bem...