domingo, 14 de outubro de 2012

Nobel da Paz: Paz de quem?


Esse prêmio Nobel na presente conjuntura é uma piada. Trata-se de uma ofensa aos povos europeus, especialmente gregos e espanhóis que vivem tempos de descrença e indignação face ao modo como a União Europeia e suas lideranças vem conduzindo a atual crise que  afeta o continente.

Uma coisa é certa, tal prêmio não vem apenas para "elevar a moral" da UE, mas se apresenta, sobretudo, como instrumento de legitimação das políticas de austeridades em operação na Europa. Políticas que deveriam  'combater' a crise, mas que até agora longe de atenuar os efeitos sociais da crise o amplificam, obrigando a população pagar dívida ilegítima com a desestruturação do Estado de Bem-estar social, novas pobrezas e desigualdades.

Seu atual posicionamento político face aos dilemas econômicos e sociais do continente não validam o argumento do Presidente da Instituição de que a UE  tem realizado um "bem-sucedida luta pela paz e reconciliação e pela democracia e direitos humanos." Ora, paz e Democracia é o que não há em uma Europa que sofre a recessão de uma Crise que não dá indícios de que acabará, intensificando os conflitos e levantes de povos que não aguentam mais a queda do padrão de vida e altas taxas de desemprego, impelindo-os a ocuparem ruas e praças para contestar o atual sistema econômico e uma democradura que vem apenas legitimando os interesses de uma oligarquia financeira internacional. 

Angêla Merkel, enquanto principal Líder Européia e defensora das atuais políticas econômicas vigentes no continente não se contem de felicidade, os horizontes de uma Europa-Alemã se tornam mais palpáveis. Francoise Hollande, eleito como portavoz de políticas anti-austeridade afirmou que o prêmio representa uma "honra imensa" para a UE. A decepção deve estar reinando entre os comunistas e pessoas que depositaram esperança em Hollande para fazer oposição a Merkel e alterar o ataque aos direitos sociais em vigência na França e na Europa como um todo. 

Seguramente o prêmio não terá nenhum efeito prático para acalmar os ânimos populares da (Des)União Européia. Reafirmo, o prêmio tem laivos ideológicos e representa simbolicamente a validação das políticas de austeridade vigentes na Europa ( Diga-se demissões, cortes salariais, diminuição do Orçamento para saúde, educação, cultura etc..), realizadas sob os auspícios da Troika, constituída pelo FMI, Banco Central Europeu e, vejam bem, Comissão Europeia, está última responsável por representar, defender e materializar os interesses da União Européia. Longe de representar os interesses da totalidade das Nações que  a compõem, a União Europeia representa atualmente o ataque as soberanias de seus integrantes.  E agora? Como bem indagou Alain Badiou " Quem salvará a Europa de seus salvadores".