quinta-feira, 20 de junho de 2013

OS FILHOS DO “LULISMO”: A reinvenção “desde baixo” no contexto da Globalização.


    É se os dois primeiros governos do PT foram marcados pelos bons ventos externos, por uma dinâmica favorável do processo de globalização da economia aliado as manobras política de Lula  que conseguiu realizar reformas não desprezíveis, ao final do segundo e no interior do terceiro mandato, instala-se desestabilizações negativas relativas as injunções da economia global somadas a um “despertar” de trabalhadores e uma geração conectada, em um contexto de insatisfação generalizada com medidas que acentuam a sensação de deterioração da qualidade de vida expressa na experiência de uso dos serviços públicos oferecidos pelo Estado.
Os ventos históricos do Estado Nacional parece encontrar ventanias globais não muito favoráveis. Ventanias, diga-se de passagem, amplamente traduzida pela mídia de plantão como plena incompetência das políticas nacionais, como se a inflação nacional fosse um fator independente, autônomo em sua realização.
       O fato é que PT engendrou os atores que vão empunhar as armas para sua dissolução. A  opção  social-democrata perdurou na Europa por “30 anos gloriosos” em parceria com o capital, mas nos últimos 30 anos tem se desmantelado no mesmo ritmo de destruição do Estado de bem-estar social. No Brasil com um governo semelhante a perspectiva socialdemocrata ( cunhado de neodesenvolvimentismo por analistas ) me parece que não chegaremos a 15 gloriosos ( com otimismo ) seja pelas injunções externas ou por efervescências internas. Ambos os casos não estão desvinculados a dinâmica mundial do capitalismo, especialmente a partir de mudanças geradas após a crise na década de 70, início da ofensiva neoliberal para transferir os custos de reprodução social ao Estado, induzindo um tipo reforma estatal bem ajustada aos interesses mercado global.
        O PT Surfou positivamente na dinâmica mundial, potencializou a economia interna, ampliou e facilitou obtenção de crédito, criou políticas sociais com efeitos positivos reduzindo a pobreza, e por consequência gerou uma “nova” classe média sou nova classe trabalhadora ( a luta para definir a mudança na estrutura social brasileira segue polêmica ). Agora, contudo, a crise do capitalismo que é mundial - inicialmente tida como apenas uma “marolinha” quando deflagrada nos EUA e impactara a Europa -  cria as condições para que novos sujeitos contestarem seus “criadores”.
       O PT certamente na sua militância com os movimento sociais realizaram muitas lutas, negociações e conquistas ( como a redemocratização e indiretamente a constituinte ), mas agora enquanto poder instituído esbaram nos limites da legalidade, nos marcos de ação e negociação previamente estabelecidos. Institucionalizou-se o PT e muitos outros movimentos sociais - como os estudantis - ocorrendo incorporação massiva deles em um multiplicidade de conselhos criados nos últimos anos. A burocracia tornou-se um peso significativo, a relação com os novos movimentos sociais se mostrou rarefeita.  Suas dificuldades em lidas com as manifestações atuais revelam um pouco dessas dimensões, obrigando o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad a admitir as limitações para  entendimento desse momento e propor uma nova pedagogia entre Estado e sociedade, baseada em uma aprendizagem construída no calor do movimento.
       Reitero que  houve avanços certamente, mas as novas gerações não conseguem ver o diferencial do PT em relação aos outros partidos da direita, alias esse diferencial no atual cenário está mesmo deixando de existir, depois de anos o processo de institucionalização é forte, a burocratização do partido é significativa, as gerações mais jovens alem disso já tomaram “consciência política” ou se incluíram no debate político sem muita memória de conquista recentes e  sob a égide do “príncipe eletrônico” que na última década direcionou seus esforços contra o governo estabelecido, o que é natural, quem não está no poder realizar críticas, mas também é verdade que informa “verdades” tendenciosas, faz sensacionalismo, desqualifica sem análises mais contundentes para desestabilizar o governo.

       Acontece que povo expresso sobretudo pelas novas gerações,  não quer ser apenas “objeto” de políticas públicos, não quer só aumento de renda e educação. O povo quer converte-se em multidão, quer se sentir partícipe da mudança, quer reconstruir por baixo outra democracia possível !  É Essa participação ativa na mudança que atualiza as instituições retirando-as do engessamento e modificando as formas de pensar e fazer política. Como diria Bruno Cava, a composição social surgida no âmbito do lulismo não fica Assistindo tudo parada, apenas consumindo ( tese catastrófica) . É mais do que isso, é reinvenção de subjetividades, é resistência classista, é poder instituinte, que antropofagiza as políticas verticais e as converte criativamente, potencializando novas formas de resistir e existir.
        É, esta em causa o próprio modelo de desenvolvimento ( mundialmente desigual e combinado ) responsável pela emergência da “Nova” classe média e da “geração facebook”, são os ventos nacionais “desde baixo” reinventando as lutas democráticas em um contexto de falência da política tradicional e da própria democracia em Âmbito mundial.


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