sábado, 29 de junho de 2013

A POLÍTICA INSURGENTE E A POLÍTICA CASTRADORA.


        Sim. O que vemos nas ruas em termos de manifestações e insurgências é basicamente política em Estado bruto; dinâmica, processual, criativa, disruptiva. A política não se reduz ao vazio demagógico, por vezes, apresentado no congresso, não se resume ao ativismo puro cuja  ação irreflexiva recaí em mero vandalismo.

        A política é poder constituinte; poder em movimento, aberto, inacabado, infinitamente poderoso e expansivo, que não se deixa capturar pelo constitucionalismo, que se esquiva das cooptações institucionalizantes, que foge das medidas castradoras, despreza os comandos da hierarquia e, por fim, aniquila mediante a cooperação os bloqueios e constrangimentos  que ousam anular a liberdade e fazer dessa anulação privilégio de poucos.

          Na perspectiva de Negri podemos pensar o Estado, suas instituições e o atual sistema político com seus partidos e política tradicional como partes do atual poder constituído na sociedade, poder que se nutre da  criatividade e ânsia de mudança da multidão ao mesmo tempo que isola e neutraliza suas forças inventivas. Trata-se de um poder, contudo, que se encontra amplamente contestado e desqualificado em muitos níveis e escalas, carente de legitimidade, com déficit de democracia e superávit de burocracia e tecnocracia. Mostra-se incontornavelmente como obstáculo para o desejo desmedido de coletividades que ousam ampliar os limites do possível, especialmente os limites da democracia. 

         Ultrapassar esse obstáculo  deve ser imperativo  existencial da política bruta que derramam plural e difusamente pelas ruas do Brasil, deve ser objetivo inelutável para reconduzir  a soberania as suas origens, deve ser enfim,  horizonte de radicalização da democracia, cujo  resultado se expressará em uma nova relação entre Estado e Sociedade certamente menos unilateral e domesticadora e mais cooperativa e dialógica.

     Mas sem ingenuidades, a superação das medidas, comandos e privilégios passa imediata e necessariamente pela intensificação das resistências, lutas e disputa autodeterminada dos sentidos e interpretações do próprio movimento que  se realiza enquanto poder que desestabiliza e reinventa o pensamento e a prática da política. 



Poisé, to lendo Negri! O poder constituinte.

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