terça-feira, 29 de setembro de 2015

A luta de Classes Contemporânea: Notas sobre uma entrevista "policamente incorreta"




Para quem quer conhecer a luta de classes contemporânea!

O que podemos extrair dessa breve entrevista?

Em primeiro lugar, que tal luta  não tem a haver com "sangue",  mas "tem haver com os recursos postos para os 1%", tem haver afinal de contas, com uma 'luta de classes silenciosa", de "classes que monopolizam o acesso a bens escassos na sociedade  e condena outras classes a reprodução da miséria", uma luta que produz gente virtuosa, de um lado, e subgente humilhada e sem reconhecimento, por outro.

 Trata-se da produção e reprodução simultânea, posto que articuladas, da inclusão e da exclusão, da cidadania e da subcidadania, da riqueza e da pobreza, dos 1% e dos 99%.

 Classes sociais não são entidades abstratas que se reproduzem isolamente uma das outras, como certa filosofia liberal quer fazer crer, como se individuos e grupos sociais ascendessem socialmente somente "pelo empreendedorismo e esforço individual" (discurso meritocrático).

Ora, classes sociais, se constróem cotidianamente por relações sociais envolvendo todos os grupos e coletividades; se tornam carne e osso mediante relações de exploração econômica e dominação política que são invisibilizadas pelo débil e falso debate político que ocorre em nossa esfera pública.

Ora, a luta de classes  começa desde o nascimento (reprodução) geracional das classes sociais que tendencialmente possuem origem, reprodução e futuro comum. É uma luta diferencial e diferenciadora, posto que desigual desde a origem, pelos bens, recursos e riquezas socialmente produzidos em sociedade. Luta de Classes é acesso diferencial das classes a uma educação de qualidade, ao atendimento de saúde decente, ao "rancho" familiar mensal, a bens de lazer e entrenimento, a um casa confortável, ao tempo livre, ao reconhecimento social.

 A luta de classes acontece aqui e agora, somos parte dela e cabe a cada de um de nós lutar contra ou a favor das estruturas de privilégio que fundamentam uma sociedade injusta e desigual.

Daí que a superação dos privilégios corresponde a superação da sociedade de classes tal como conhecemos hoje, baseda na exploração econômica, dominação política com seus efeitos deletérios em termos de desigualdade, pobreza, humilhação,opressão, preconceitos e estigmas de várias ordens,

 A superação dos privilégios, corresponde igualmente, a tão falada "igualdade de oportunidades", uma ilusão propolada por liberais de diferentes matizes. Dai que o fim da luta de classes (no sentido aqui colocado) anda de mãos dadas com todos os mecanismos, reformas, práticas, discursos e movimentos sociais que buscam a justiça e a liberdade substântiva expressas na conquista de direitos, riquezas e reconhecimentos que tornam mais efetiva a "igualdade de oportunidade"e, por tabela, a luta contra reproduçao dos privilégios.

 Tudo está conectado, em interdependência e a distribuição/redistribuição dos capitais (cultural, econômico, político, de reconhecimento) tanto quanto  a transformação da quantidade (indivíduos considerados em números) em qualidade (individuos vistos como sujeitos e como classe) passa inelutavelmente pela desnaturalização das desigualdades (tematizando sua origem e reprodução) e  radicalização das lutas, resistências e mobilizações que atacam seus fundamentos.

Sim! tal desnaturalização e radicalização é um momento decisivo na busca do Socialismo, que nada mais é o resultado desses dois processos, daí que essa palavrinha é tão descredibilizada por setores e classes conservadoras da sociedade brasileira, afinal, valorizá-la significa atacar sistematicamente seu privilégio de ter privilégios, afinal, não se trata de socializar a pobreza como muitos falsamente propagam.Trata-se, em última análise, de socializar a riqueza, de redistribuir os privilégios, democrátizá-lo.

Muitos, inclusive liberais e neoliberais, buscam o socialismo mas não o sabem, pois desconhecem a natureza do modo de produção  em que vivemos, não percebem seus fundamentos e buscam reparar seus males com remédios que em geral aprofundam o mal-estar da civilização. Falta-lhes uma conversão de olhar, um deslocamento de perspectiva, uma troca de ponto de vistas, espero que essa entrevista seja a antessala para o reconhecimento dos verdadeiros problemas brasileiros: as desigualdades, sua origem, reprodução, efeitos e os discursos/ideias/teorias que a naturalizam/invisiblizam como "normal", quando em verdade é patológica nos termos em que se apresenta.

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