terça-feira, 16 de junho de 2015

O SENTIDO DA "AULA NORMAL" NA UFAM







Aqueles professores que reduzem o sentido da universidade ao ato de "dar aula" são, em sua grande maioria, aqueles que atendem acriticamente ao menos duas funções:


" A primeira delas é a redução da universidade a mera formadora de mão de obra, ou seja, sua plena identificação com a posição do país na divisão internacional do trabalho cujos cursos de engenharia ou economia constituem expressão máxima.


A segunda é a redução da universidade a instrumento de colonialismo mental, cultural e científico a que, de fato, está quase limitada" Nildo Domingos Ouriques (2014)


Para aqueles professores que afirmam que está tendo "aula normal" é preciso registrar a normalidade a que eles se referem.


Infelizmente "Aula normal" para muitos alunos representa a relação ensino/aprendizagem da "educação bancária", aquela em que o "professor" professa o conhecimento "iluminado" e o aluno passiva e acriticamente recebe o "conteúdo" que vai "cair na prova", que provará apenas a eficácia em reproduzir conhecimento alheio sem a devida contextualização ou aproximação com os problemas reais da população.


Essa "aula normal" representa uma "universidade anti-povo", que quer viver de títulos e "status acadêmico" ,de um lado, e de outro, quer oferecer adestramento técnico para simples inserção dos alunos no mercado.


Essa "aula normal" aceita passivamente e resignada os problemas que afetam a população brasileira em geral e os cortes na área da educação em particular.


Essa "aula normal" é precisamente aquela que pretende construir conhecimento supostamente "neutro e universal", quando na maioria dos casos está apenas ocultando "todas as misérias de uma instituição a serviço da classe dominante, especialmente graves na periferia do sistema capitalista".


Essa "aula normal" que garante o "estamos em aula" dos alunos, sob o pretexto de garantir o calendário acadêmico, é aquela que não garante a anulação do processo de precarização das universidades em curso; é aquela que não contribui com uma universidade autônoma e com a reestruturação da carreira docente; é aquela que crê fazer um grande favor aos alunos formando-os apressadamente sem que os mesmos conheçam e reconheçam criticamente os problemas da sociedade na qual eles estão inseridos; é aquela que reduz a democracia a voto sem debate sobre o tema ser votado; é aquela que realiza assédio moral aos alunos, obrigando a muitos a estarem em sala de aula porque se não sofrerão retaliações; é aquela que não respeita um resultado democrático de deflagração de uma greve decidida em assembléia geral pela categoria.


Ora, estar em sala de aula é na atual conjuntura uma atitude resignada , fatalista e de aceitação do conjunto de problemas que afetam o funcionamento de uma universidade de caráter público, gratuito, de qualidade, popular e descolonizada! É em prol de qual UFAM que certos "amigos da Ufam" se mobilizam?

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